Os “russos” na Colônia Erechim: reconfigurações étnico-territoriais no contexto migratório do Sul do Brasil (1910–1940)

As migrações produzem múltiplos deslocamentos; não são apenas corpos que se movem. Há um contexto histórico que as produz, assim como migram referenciais simbólicos que buscam se reconstituir no espaço de destino. Porém, este último não é inerte, também (re)age e produz seus efeitos. Há interações nesse sentido, nem sempre harmônicas. No caso dos imigrantes “russos” ou identificados como russos, na Colônia Erechim, eles foram instalados num cenário muito diferente dos seus de proveniência, muitos não eram agricultores. As promessas efetivadas pela propaganda nos espaços de origem e pela esfera pública estatal não se concretizaram em ações em prol deles. Rotulações negativizadas em várias dimensões, topografia montanhosa, ausência de infraestrutura de moradia, educação e mobilidade territorial foram alguns de seus expedientes. É em torno destes processos, suas conflitualidades e suas tentativas de superações que evidenciamos na presente obra.